Cannes repensa formato e evento presencial em 2021

Em janeiro, os organizadores do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions sinalizaram o objetivo de retomar a edição presencial do evento em junho, na Riviera Francesa, após o cancelamento da edição de 2020 por conta da pandemia da Covid-19. A realização do festival criativo, no entanto, ainda é incerta.

A expectativa de que as vacinas fossem amplamente distribuídas mundo afora e que a retomada das viagens internacionais acontecessem acabaram não se cumprindo da forma esperada, o que faz com que a pandemia ainda se torne um fator que pode atrapalhar a organização da edição de 2021 do Cannes Lions.

De acordo com pessoas próximas ao assunto, a organização está agora repensando o formato do evento, que pode ganhar um modelo híbrido (físico e digital), sendo que a presença de pessoas na cidade francesa seria bastante reduzida. Há a possibilidade de existir um encontro presencial em Cannes para profissionais europeus e outro evento presencial, em Nova York, e até em outros locais do mundo, por exemplo, para tentar diminuir a concentração de pessoas.

Segundo esse plano, que deverá ser definido em março, o julgamento e as premiações aconteceriam virtualmente, mas não devem existir as longas filas na entrada do Palais des Festivals e outros encontros e eventos na praia que costumam reunir muitas pessoas na época do Festival. Procurada pela reportagem do Advertising Age, a organização do Cannes Lions não respondeu aos questionamentos.

Algumas pessoas próximas ao assunto disseram que a Ascential, proprietária do Festival, planejava adiar o Cannes Lions para outubro deste ano, na tentativa de conseguir fazer uma edição presencial tradicional. Há, no entanto, uma preocupação a respeito da participação das agências de publicidade. Um líder de agência, que não quis se identificar, declarou ao Advertising Age que, no quarto trimestre do ano, as agências que não conseguirem atingir seus objetivos financeiros terão dificuldades para custear viagens internacionais.

A questão financeira, aliás, não seria o único problema. Outros profissionais de agências ouvidos pela reportagem disseram que, após um período tão pesado, reuniões festivas na Riviera Francesa não pegariam bem. Outros líderes também destacaram que o networking é o elemento mais importante de Cannes e que isso seria perdido caso o público fosse restrito a menos pessoas. Além disso, na opinião desses publicitários, quando as pessoas se sentirem seguras para viajar, elas darão preferência a reencontrar familiares do que a eventos corporativos. De forma geral, os profissionais ouvidos pela reportagem demonstram pouco interesse em participar de um evento presencial neste ano.

De acordo com dados da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos na França, o país está fechado para a entrada de pessoas de fora da Europa desde 31 de janeiro. O site do governo da França declara que o país está vivenciando um toque de recolher noturno, a partir das 18h e que há lockdowns aos finais de semana em algumas regiões. O governo francês também aconselha seus cidadãos a não viajarem para fora da Europa. Fonte: Meio & Mensagem