Pense nas pessoas e no planeta e ganhe Leões

Um dos conceitos que pavimentaram o caminho do ESG foi o do Triple Bottom Line, criado pelo inglês John Elckington, em 1994. Bottom line é como é chamada, em inglês, a linha final do balanço ou do relatório de demonstrações financeiras de uma empresa. É lá que você fica sabendo se a empresa deu lucro ou prejuízo.

O que Elkinghton propôs é que as empresas continuem pensando no P, de Profit (lucro), mas também em outros dois Ps: People (pessoas) e Planet (planeta), criando o tal do triple bottom line. Alguns dos cases premiados no quarto dia do Cannes Lions mostram que diversas empresas entenderam o recado.

É o caso da WeCapital, do Mexico, ganhadora de Grand Prix na categoria Creative Data, com o case DataTienda. Sabendo que muitas mexicanas não têm acesso a crédito por não terem um histórico bancário, a instituição criou um programa de verificação de crédito no comércio de vizinhança dessas mulheres.

São estabelecimentos comerciais com a velha caderneta, onde os donos do açougue, da padaria ou da quitanda anotam as compras da freguesa, que as paga no final do mês. Essas anotações informais se tornaram o histórico de crédito dessas mulheres, que, assim, tiveram acesso a empréstimo. Pensaram nas Pessoas com empatia e boa vontade.

Já o case Hope, da Sheba (ração para gatos à base de peixe), ganhou dois Grand Prix, um em Industry Craft e, agora, em Media. A ação do fabricante de Sheba foi a de recuperar corais degradados na Indonésia e estender o programa para outros países. O que o torna um case especial é o fato de formar a palavra HOPE em grandes proporções na estrutura criada para abrigar novos corais.

Assim, depois da proliferação de corais na estrutura, é possível ver, a quilômetros de distância, pelo alto, pelo Google Earth, a palavra Hope, de esperança. Daí ter ganho Grand Prix também em Media. Pensou no Planeta e criou um case digno de Grand Prix. E assim o Cannes Lions vai criando sua galeria de bons exemplos de que o lucro não está dissociado do pensamento nas pessoas e no planeta.

Por Alexis Thuller Pagliarini