Por Cesar Crivelaro
Cesar é Gerente de Social e Mídia da Agência Plug. Com foco em tecnologia, games e inovação, passou pelas agências DM9, Lew’lara e Folhetim. Está a mais de 4 anos liderando campanhas e conteúdos online de grande clientes como DuPont, Faber-Castell e Ingredion.

Muito se fala no Metaverso, desde a criação do espaço virtual que o Mark Zuckerberg está criando para o Meta, como salas de reunião e também no universo dos videogames. Mas como este ambiente digital ainda está em constante evolução, poucos estudos, cases e propostas têm aparecido no mercado.
Neste contexto atual, a Digitalks organizou no dia 14/03 o evento Digitalks Metaverse & Innovation no Cubo Itaú, um encontro de especialistas de tecnologia para compartilhar os melhores cases, análises do mercado e diferentes formas de inserir o Metaverso nas estratégias de comunicação. E você verá a seguir um pouco de tudo que vimos e aprendemos sobre este, que promete ser, o principal recurso digital dos próximos anos.

Mas como é possível fazer isso de uma forma inteligente e segura?

Mas o hype do Metaverso não acabou? E o ChatGPT?

Ao analisar o Google Trends, vemos que o termo “metaverso” teve seu ápice em janeiro de 2022, quando houve o boom de cryptomoedas, NFTs e metaversos, culminando em Mark Zuckerberg mudando o nome da empresa para Meta, juntando o Facebook, o Instagram, o WhatsApp e outros recursos de baixo do mesmo conglomerado, além da criação de um Metaverso exclusivo.

Porém, vê-se que o interesse vem diminuindo ao longo do tempo. E isto entra em oposição ao ChatGPT, que foi a tecnologia mais rápida a bater 100 milhões de usuários (2 meses) no início de 2023.

Esta análise inicial é para mostrar o quanto o metaverso ainda é uma tecnologia inicial. Ainda há muito desenvolvimento necessário para se adaptar às necessidades dos usuários, aos dispositivos de acesso e também ao armazenamento dos servidores.

Analisando o Ciclo de Hype de Gartner de 2022, vemos o Metaverso ainda no estágio inicial de maturação tecnológica: 

E como está o mercado do Metaverso?

Mesmo percebendo que o metaverso ainda é uma tecnologia promissora, os números atuais do mercado já estão em escalas milionárias. O mercado de games, obviamente, é o nicho que está mais surfando nos ambientes virtuais. Jogos como Fortnite, Roblox e Minecraft têm, cada um, aproximadamente 200 milhões de usuários ativos mensais. E outras redes sociais, como SandBox, Horizon Worlds e Decentraland, juntos, somam aproximadamente 500 mil usuários todo mês.

A Accenture, que já fez o onboarding de mais de 120.000 funcionários pelo próprio metaverso, compartilhou no evento Digitalks alguns números e estudos. Os dados são da sua pesquisa de 2022: 

O Metaverso e o Consumidor:

• 61% dos usuários querem participar do Metaverso para interagir com familiares e amigos;
• 52% dos consumidores querem reforçar o compromisso com marcas e valores;
• 71% das pessoas também querem ter experiências complementares de compra.

O Metaverso Corporativo:

• 96% dos executivos concordam que a tecnologia do metaverso vai transformar a experiência física e digital nos próximos anos;
• Empresas estão utilizando as experiências imersivas no metaverso para organizar treinamentos sem precisar para as linhas de produção, desenvolvendo novos colaboradores;
• Novos colaboradores estão participando não importando a distância, valorizando o trabalho remoto sem interrupções ou gastos de locomoção.

O Metaverso Industrial e de Sistemas:

• A parceria digital-físico permite diferentes interações de times operacionais e digitais, como modelos de maquinário, treinamentos de equipes e colaboração e monitoramento em tempo real;
• Transparência na cadeia de suprimentos, permitindo decisões mais estratégicas durante as disrupções.

Todos esses elementos do metaverso no ambiente de consumo, corporativo e industrial são possíveis graças à evolução da internet 3.0, com o foco na descentralização de informação e tomada de decisão.

Para entender o Metaverso, é necessário estar imerso na Web3.

Uma das primeiras etapas de inserir o Metaverso nas estratégias de comunicação e marketing é entender o universo Web3 no qual todos nós já estamos inseridos. Se este termo soa estranho ou difícil, vale analisar as etapas anteriores para entender a evolução da internet e acompanhar a evolução da internet.

Web 1.0 = read-only static

Momento da internet em que o usuário apenas “consumia” o conteúdo de forma passiva. As informações chegavam por meio de portais de notícias de grandes corporações.

Web 2.0 = read-writer interactive

O momento da internet mais colaborativa, em que o usuário emite a sua opinião e contribui para o compartilhamento de informações. As redes sociais e streamings são os grandes meios de comunicação.

Web 3.0 = read-write-trust verifiable

Construção atual de uma internet descentralizada e distribuída onde os usuários têm mais controles sobre seus dados e identidades online. NFTs, Fintechs e tecnologia blockchain estão em alta.

 O metaverso precisa ser uma solução, não um meio

Analisando todos os conteúdos dos palestrantes da Digitalk Metaverse & Innovation, todas as apresentações estavam alinhadas que uma das primeiras etapas de inserir o Metaverso nas estratégias de comunicação e de marketing é entender que ele não é um meio para atingir um objetivo, mas ele precisa ser a solução de um problema, a resposta para alguma necessidade que a cadeia de suprimentos ou mesmo que o seu usuário precisa.

• Que respostas o metaverso responde?

O questionamento é necessário porque a criação de um multiverso demanda tempo e investimento. Então ele deve ser necessário apenas quando sua existência fizer a diferença.

Por exemplo: se o metaverso apenas substituir uma experiência que já existe, como salas de reunião e avatares, então não é uma experiência inovadora. O metaverso precisa agregar e ser um complemento à experiência real, e não apenas uma substituição.

• ‘Siga o dinheiro’

A expressão em inglês “Follow the money” neste contexto é essencial para dois motivos:

1) saber quem são os investidores e como eles irão se beneficiar com o metaverso: manipulação de dados, e-commerce, experiências de compra, negociação de mídia etc;

2) um metaverso requer um alto investimento para a sua criação, e investidores tomarão decisões estratégias que irão intervir nas regras sociais e também nos valores da comunidade.

• Levar a comunidade junto

Não adianta ter um ambiente digital funcionando em normalidade sem a sua comunidade estar povoando-o. Antes de desenvolver o virtual, é preciso nutrir os usuários e clientes do seu projeto para que eles participem ativamente deste novo ambiente com os objetivos e propósitos claros. Uma comunidade é um desenvolvimento a longo prazo que garante uma legião de fãs da sua marca e que ajudarão a estimular o crescimento do seu metaverso.

Quais são as etapas para a criação de um Metaverso?

No evento Digitalks Metaverse & Innovation, alguns criadores compartilharam suas experiências de criação dos seus metaversos e todos foram unânimes nas etapas.

Vá devagar. Um projeto por vez.

Crie um planejamento estratégico em que os projetos evoluam. Lembre-se de desenvolver a comunidade a médio prazo. O escritório no metaverso da Ingredion começou com pequenos avatares e salas de reunião e aos poucos foi evoluindo ao ambiente virtual que é hoje, conectando todos os funcionários ao redor do mundo. 

Não vá sozinho, tenha parcerias!

O investimento em um metaverso é um valor bastante elevado, e quase sempre uma única empresa não consegue arcar com este custo de tecnologia. Como vimos na parceria da Coca-Cola e Rock In Rio dentro do Fortnite, as 3 empresas se uniram para proporcionar uma experiência diferente do Rock in Rio dentro do jogo.

Erre no começo, mas erre fácil e conserte rápido.

O Metaverso ainda é uma tecnologia nova, então ainda há muitos testes a serem feitos e aprendizados a serem realizados. Erros serão cometidos e as empresas precisam se permitir, mas também devem agir rápido para resolvê-los. Assim, os melhores resultados e descobertas tecnológicas serão feitas com velocidade e pioneirismo.
O Metaverso já é uma realidade em vários mercados, principalmente no nicho de videogames com o grande número de acessos diários e alto ROI, mas ainda é uma tecnologia em desenvolvimento que exige investimento e tempo de maturação.

Porém, o Metaverso deve ser encarado como uma solução para uma necessidade do público, não apenas um meio de resolver uma demanda. E entre as melhores estratégias para o desenvolvimento de negócios está a parceria com outros produtos/serviços, com o objetivo de desenvolver novas parcerias e atingir diferentes públicos com as estratégias.