Apesar do mundo inteiro estar digitalizado, é muito claro que algumas áreas da sociedade e, consequentemente, do mercado, estão mais adaptadas à transformação digital do que outras. Por isso, quando falamos em marketing digital, muitas pessoas pensam nos mesmos segmentos: tecnologia, e-commerce, serviços por assinatura, serviços de pagamento, games, enfim, tudo que tem o universo digital como cerne do negócio.

Mas a verdade é que qualquer setor pode e deve se beneficiar do marketing digital, mesmo aqueles que parecem estar “mais distantes” da internet. Coloco entre aspas porque, no fim das contas, nenhuma área está realmente afastada do online.

Explico: imagine que você precisa comprar uma peça para consertar algo em casa, um chuveiro ou eletrodoméstico. Você sabe que há uma loja que vende esse tipo de material bem perto de casa, mas você não faz ideia dos preços e não sabe se aquele local é o mais em conta. O que você faz?

Aposto que vai procurar no Google qual a média de preços. Nisso, você pode acabar se deparando com outra loja, que talvez tenha um preço mais em conta, ou talvez pareça mais especializada no que você precisa. Sua decisão de compra foi alterada pelo impacto digital, mesmo que o produto adquirido não tenha nada a ver com o mundo digital.

E se a empresa não vende produtos, mas sim serviços estritamente presenciais? Será que o marketing digital ainda faz tanta diferença?

Garanto que sim.

Faça um teste você mesmo, vai levar dois minutos. Abra o Facebook, vá até a aba “eventos” e procure por alguma palavra-chave como “festival” ou “balada”. Ou, ainda, espere um fim de semana e veja os stories do Instagram dos seus amigos mais festeiros: existem altas chances de algum perfil comercial ser marcado ou compartilhado por eles.

O trabalho nas redes sociais também é marketing digital, e é frequentemente a maneira como as pessoas descobrem determinados serviços. Ao entrar em um perfil profissional, o usuário está procurando por informações básicas, mas também terá sua primeira impressão sobre a marca — e, no caso de serviços, é fundamental que essa impressão seja boa. Afinal, o que está sendo vendido ali é uma experiência, então é preciso estabelecer credibilidade para que as pessoas se arrisquem a ir.

Um ótimo exemplo é o caso da Hospedaria Refúgio das Galés, de Santa Catarina, que foi obrigada a cancelar reservas quando a pandemia atingiu em cheio. Para reduzir as perspectivas de queda brusca, eles trabalharam com marketing de relacionamento para a base de leads que já possuíam (graças aos investimentos passados) e ofereceram a eles ofertas sem datas específicas, garantindo então boas vendas mesmo no período de portas fechadas.

O ponto é que o marketing digital vai muito além dos produtos e serviços exclusivamente digitais. Ele também é relacionamento, anúncio, construção de imagem, gerenciamento de crise, conteúdo, posicionamento de marca, pesquisa de mercado, endomarketing, entre tantas outras possibilidades.

Presença digital, atualmente, significa crescimento para qualquer empresa. Muitas vezes, significa até mesmo sobrevivência. Não deixe de investir por achar que não se encaixa no seu negócio, pois, assim como a internet, o marketing digital deve ser para todo mundo.

Por: André Palis

André Palis é sócio fundador da agência full service Raccoon. Em 2021, a Raccoon passou por um processo de fusão e agora faz parte da holding global S4 Capital.