Letícia Rodrigues, da FCB Brasil, representará o mercado no See It Be It do Cannes Lions
Um dos principais projetos da agenda do Cannes Lions desde 2014, criado por Madonna Badger (Badger & Winters), o See It Be It tem por objetivo mostrar que as mulheres estão aptas para ocupar qualquer posição nos cargos C-Levels. Este ano, a representante brasileira será Letícia Rodrigues, diretora de criação associada da FCB Brasil. Que concedeu a seguinte entrevista ao PROPMARK:
O que significa para você estar na relação do See It Be It do Cannes Lions?
É uma honra enorme. Quando li as bios das outras 14 criativas selecionadas comigo ao redor do mundo, quase caí pra trás. Imediatamente bateu aquela Síndrome de Impostora de “não é possível que eu faça parte desse grupo”. Mas depois que a ficha caiu, me ver ali me fez acreditar mais em mim, no meu trabalho e na força do que tenho construído para o mercado.
Qual a base do seu conteúdo?
A inscrição para o SIBI é um formulário com perguntas sobre seu trabalho, experiências e trajetória. Ali o que conta é o conjunto da obra, o que você tem construído e como tem contribuído para a comunidade criativa como um todo. É um espaço para mostrar como você transforma suas vulnerabilidades em aprendizado e força para liderar.
Por que escolheu esse caminho?
A única certeza que eu sempre tive é que iria trabalhar com “criatividade”, escolher criação acho que foi até o caminho mais óbvio, mas não o mais fácil. A publicidade te traz um monte de coisa legal, mas também exige muito de você, principalmente por ser um ambiente feito para você não se sentir bem-vinda. Não sei exatamente porque escolhi esse caminho, mas sei porque quero seguir nele: pra ajudar a construir ambientes em que todo mundo se sinta pertencente.
A mulher na publicidade ainda precisa caminhar para ter seu espaço?
Caminhar não. Correr maratona. Das longas e exaustivas. Muita coisa já melhorou e evoluiu, ainda bem! Mas ainda vemos matérias inteiras estampadas só com homens, poucas mulheres nas lideranças e boards. Quando olhamos para esses números, a linha de chegada ainda está bem longe.
Como observa a entrada de trans e cis no elenco?
Acho incrível. É um programa para impulsionar a carreira de lideranças femininas. Seja cis ou trans, se é mulher, é pra você sim.
Poderia citar alguns trabalhos da sua carreira?
Eu acredito muito nos trabalhos que partem de verdades, que se conectam com o público e geram conversas. Vou contar sobre dois: #PPKSEMTABU para Bayer é um trabalho que eu sempre gosto de citar porque foi feito com um time 90% feminino, desde a criação até a produção final. Então, quando eu ouço falarem “é que não tem mulher pra fazer”, AH, tem sim! O resultado taí: um trabalho lindo, verdadeiro, que gerou conversa, e o mais importante: fez o produto bater recorde de vendas e virou benchmark na categoria, afinal a gente trabalha é pra isso.
Outro trabalho que também adorei fazer foi dar vida ao meme “Nunca passo frio pois estou sempre coberta de razão” na última campanha de Brastemp, em que literalmente criamos a Coberta da Razão para reforçar o posicionamento “Sem dúvida, Brastemp.” Nada melhor do que gerar conexões a partir do que já está aí nas rodas de conversa, sendo falado na internet. O social listening é muito importante na nossa profissão.